Do ataque à zaga, Ferraresi usa trunfo para crescer no São Paulo: “Só não joguei de lateral-esquerdo”

Polivalente, zagueiro vira titular absoluto com Crespo, é líder de desarmes no Brasileirão após a Copa do Mundo de Clubes e retoma início de carreira para ajudar na parte ofensiva

Um dos jogadores que mais cresceu sob o comando de Hernán Crespo foi Nahuel Ferraresi. O zagueiro voltou a atuar em sua posição de origem e ganhou ainda mais confiança com o sistema 3-5-2 utilizado pelo novo treinador do São Paulo.

Desde o retorno do Brasileirão, após a Copa do Mundo de Clubes, Ferraresi lidera com larga vantagem a lista de jogadores com mais desarmes no campeonato. Até a partida contra o Cruzeiro, o venezuelano tinha 43 desarmes neste recorte do torneio, enquanto Lucas Sasha, do Fortaleza, tinha apenas 28, na segunda colocação.

Entretanto, o início da carreira de Ferraresi foi no lado oposto do campo, como centroavante. Ainda nas categorias de base, foi gradativamente mudando de posição até se consolidar com zagueiro.

– Desde que cheguei na Argentina com 12, 13 anos, até os 16 eu joguei sempre de centroavante e depois eu fui descendo. Joguei em todas as posições praticamente, só não joguei de lateral-esquerdo. De 14, 15 anos joguei de volante, de 10, de meia pela direita, meia-esquerda, aberto – explicou o jogador.

Publicidade

– Uma vez fui convocado para a seleção da Venezuela sub-17, para ficar uma semana com a seleção e depois voltar. Eu treinei, o técnico naquele momento me testou de zagueiro, eu topei, treinei e fui bem. Ele disse que eu tinha que ser zagueiro e eu fiquei, quando eu voltei para a Argentina me estabeleci como zagueiro – completou Ferraresi.

Seu início como atacante o ajuda até hoje na criação de jogadas e até na leitura de seus adversários, mas além disso, há outro fator que lhe garantiu muita técnica: o futsal.

– Acho que sim [ter sido atacante ajudou], eu posso ter uma visão diferente, tomar decisão mais rápido. Mas tem outro ponto, alguém que sempre atuou como zagueiro pode ser mais forte defensivamente, ou pode ter leitura de jogo, é normal, mas por sorte eu me adaptei rápido a ser zagueiro e pude me profissionalizar nessa posição.

– É muito normal jogar futsal lá [na Venezuela], tem muito jogador bom de futsal por lá, então desde pequeno, a gente joga campo e futsal – revelou Ferraresi.

A razão por ter começado no futebol e, principalmente, como atacante veio de casa. Adolfo “Pocho” Ferraresi, seu pai, foi jogador profissional e atuou como centroavante em clubes de menor expressão na Argentina e na Venezuela.

– Tenho que agradecer ao meu pai, que desde pequeno sempre me passou os valores do futebol também e a família é de esportista né, minha irmã é nadadora, minha mãe tem muito carinho pelo futebol, então todos estão ligados ao esporte – contou Ferraresi ao ge.

– Quando eu era pequeno, na minha casa se vivia e respirava futebol. Na verdade, eu não lembro de outra coisa na minha infância que não fosse jogar bola – relembrou o zagueiro.

Pocho não serviu apenas de referência para o filho, mas sempre o apoiou em sua carreira, inclusive, organizando um jogo de exibição na Argentina para arrecadar fundos para arcar com passagens para que Ferraresi fosse defender a seleção sub-20 da Venezuela.

– Isso foi porque, a convocação veio de surpresa e não tínhamos tempo suficiente para juntar o dinheiro, então me veio a ideia de fazer um jogo amistoso com jogadores do futebol mundial, Raton Ayala, Delgado e fizemos um jogo amistoso com aqueles jogadores que estavam em Marcos Paz (província da Argentina) e haviam sido jogadores profissionais – contou Pocho Ferraresi.

– Conseguimos comprar a passagem para ele e ainda sobrou um pouquinho para fazermos um jantar com todo mundo (risos) – completou.

O pai do zagueiro do São Paulo comemorou a boa fase do filho no São Paulo, lembrando com humor de um episódio não tão feliz assim de quando ele era jogador.

– Quando eu joguei pelo Chacarita Júniors, logo na primeira partida eu fiz um gol. Tinham me contratado como top, depois disso foram 12 rodadas sem marcar (risos). Tinha um programa de TV que elegeu quem foi o pior que viram pelo Chacarita e falaram Pocho Ferraresi (risos). São momentos – contou em tom de brincadeira Pocho Ferraresi.

Ferraresi fez questão de destacar que sempre se sentiu bem no São Paulo, mesmo quando não era titular absoluto como atualmente.

– Desde que estou aqui sempre tive momentos saborosos, lindos, como queira chamar. Por mais que as vezes eu não tivesse minutos em campo, que é o que todos querem, ninguém gosta de ficar fora, mas infelizmente só jogam 11.

– Representar essa camisa para mim é um orgulho, no dia a dia dou meu máximo e aproveito quando sou escolhido para estar entre os 11 iniciais – arrematou o zagueiro.

Agora, Ferraresi é parte integrante da espinha dorsal da equipe que chegou às quartas de final da Conmebol Libertadores. O zagueiro foi um dos personagens principais das oitavas de final, tendo cometido dois pênaltis que não foram convertidos no jogo de ida, na Colômbia, e gerado a expulsão de Edwin Cardona, no Morumbis.

O clima entre os dois jogadores foi criado em Medellín, após Ferraresi provocar o camisa 10 do Atlético Nacional, que perdeu dois pênaltis na mesma partida. Na volta, a provocação continuou, e quando Cardona, que já tinha amarelo, se envolveu em uma pequena confusão com o zagueiro do São Paulo, acabou expulso.

O venezuelano minimizou a confusão e ressaltou que o que acontece nos jogos fica dentro de campo, mas que reconheceu que a Conmebol Libertadores é uma competição que exige malícia dos atletas.

– Eu acho futebol é um jogo difícil, porque você joga com muitas coisas, é um jogo de malícia né. A gente sabe como é, mas o que acontece no campo para mim, fica no campo. Tanto no jogo ida como o jogo de volta.

– No jogo de volta, quando ele fala comigo, eu logo reajo, porque ainda era um reflexo do que aconteceu lá na Colômbia. Eu zoei ele quando ele perdeu os pênaltis lá e ele tem todo o direito de ter me zoado quando eu cometi o pênalti. Eu acho isso legal no futebol, sem faltar o respeito, nem nada – concluiu Ferraresi.

Ao ser perguntado quem é o jogador mais chato que ele marcou, Ferraresi não precisou pensar muito para cravar: Deyverson.

– Que eu me lembre assim, que fala muito, por mais que seja na brincadeira, é o Deyverson. Ele fala muito na brincadeira, fala demais. Mas é gente boa demais – contou o zagueiro com bom humor.

Com três anos de clube recém completados, Ferraresi já se sente em casa e é, indiscutivelmente, um dos jogadores mais queridos do elenco, principalmente, dentre a legião de estrangeiros.

Retrato disso foi o jogo contra o Atlético Mineiro no Morumbis, pela 21ª rodada do Brasileirão. O zagueiro fez uma partida impecável na fase defensiva e foi coroado com uma jogada brilhante no ataque, mais para o final da partida, quando deu uma linda caneta em Rony.

Por ser muito querido e um dos mais “zoeiras” do elenco, seus companheiros não reconheceram muito os méritos pela jogada plástica.

– Os caras falaram que foi na sorte, mas eu vi (risos). Eu vi ele vindo, não tem como dar aquela caneta sem querer, mas depois eu me joguei no chão mesmo (risos).

Ferraresi foi convocado pra defender a seleção da Venezuela nesta Data Fifa e entrará em campo para enfrenta a Argentina nesta quinta-feira às 20h30, em Buenos Aires. Os venezuelanos estão na sétima colocação das Eliminatórias e ainda buscam garantir uma vaga na Copa do Mundo de 2026.

Fonte: Globo Esporte

Compartilhe

Facebook
Threads
X
WhatsApp
Telegram

Comente

guest
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários

ÚLTIMO JOGO

PRÓXIMO JOGO

23:59
Campeonato Brasileiro

Atlético-MG X São Paulo

CLASSIFICAÇÃO PAULISTÃO

PosClubePJVED

Entre ou cadastre-se para poder comentar nos conteúdos da São Paulo Digital