Bastidores: veja por que Casares e Belmonte se afastaram de olho na próxima eleição do São Paulo

Principais dirigentes do clube estão em grupos que pensam diferente, a pouco mais de um ano da eleição presidencial para o próximo triênio. Mensagem de diretor no WhatsApp agita bastidores

Enquanto o São Paulo avança na Conmebol Libertadores e cresce no Campeonato Brasileiro, os bastidores políticos do clube esquentam. A distância de 13 quilômetros entre o Morumbis e o CT da Barra Funda passa, aos poucos, a ser também ideológica entre o presidente Julio Casares e o diretor de futebol Carlos Belmonte.

Apesar de a relação entre os dois principais poderes do clube ser cordial no dia a dia, politicamente a dupla caminha para lados opostos. Seus grupos têm ideias distintas neste momento, a pouco mais de um ano da eleição presidencial. Eles estão no centro de uma disputa que promete ser acirrada.

Os dois principais dirigentes do São Paulo dividem viagens, almoços e reuniões. Conversam sobre decisões que competem à presidência e ao departamento de futebol e comandam o clube no dia a dia. Discutem contratações, os rumos do principal produto tricolor. Divergem, concordam… Uma relação comum entre presidente e diretor, como é desde quando esta gestão foi eleita.

Mas que agora ganhou novos elementos e deixou ambos em rota de colisão política.

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O ge tem ouvido, há semanas, relatos sobre uma relação estremecida entre membros da cúpula do departamento de futebol e a presidência do São Paulo. Há divergências a respeito do que deve ser feito no processo eleitoral para a eleição que será disputada no fim de 2026.

Ao mesmo tempo em que não rompem, Casares e Belmonte estão mais distantes. A pouco mais de um ano da eleição, com grupos políticos se movimentando nos bastidores em busca de apoio, eles são o ponto central de uma disputa pela cadeira presidencial no próximo triênio, justamente pela força que têm em seus cargos.

Por muito tempo, Carlos Belmonte foi visto como o nome natural da situação para brigar pela presidência na próxima eleição. Quem convive no dia a dia do São Paulo, porém, sabe que não é mais assim.

Belmonte e Casares fazem parte da mesma coalizão, formada por sete grupos políticos diferentes. O principal ponto de discordância entre eles é qual deve ser o caminho a ser seguido na corrida presidencial para o próximo triênio. E é neste sentido que o presidente e o diretor estão em lados opostos.

Casares não pode mais ser candidato, por já ter sido reeleito uma vez, e vai indicar quem vai apoiar. Esta pessoa não está definida, porque o presidente ainda tenta, pelo menos publicamente, fugir do discurso eleitoreiro. Prefere focar sua gestão nos meses que restam, embora a disputa esteja cada vez mais quente nos bastidores.

– Tem muita gente querendo ser candidato neste momento, porém fazer isso muito cedo é um desserviço ao São Paulo Futebol Clube. Tudo na vida tem o momento certo. O calendário eleitoral será em março ou abril do próximo ano. Está tudo muito tranquilo. Temos que ter mais trabalho e menos política. Estamos trabalhando forte e isso não mudará – disse o atual presidente.

Nos corredores do Morumbis e no Conselho Deliberativo, um dos nomes vistos com a maior chance de ter o apoio de Julio Casares em 2026 é o do CEO do São Paulo, Marcio Carlomagno, braço direito do atual presidente. Politicamente, porém, o profissional é visto por grupos da coalizão como uma possibilidade sem experiência para pleitear o cargo.

Por outro lado, o CEO ganha espaço internamente e agrada a forças próximas a Casares, que dá ao profissional grande importância na tomada de decisões estratégicas do clube. No dia a dia, Carlomagno é quem mais lida com o presidente do São Paulo.

Em compensação, de acordo com diversos relatos ouvidos pelo ge, outros grupos da coalizão entendem que o melhor caminho para 2026 é, pelo menos por enquanto, abrir o leque de possibilidades, com nomes mais políticos, sem uma definição imediata. E discordam da possível indicação de Carlomagno.

As principais opções vistas por pessoas influentes como nomes plausíveis para a próxima eleição, que ainda tentam se viabilizar, são: Adilson Alves Martins, Vinicius Pinotti, Marcelo Pupo, Olten Ayres e o próprio Belmonte.

O que se desenha neste momento, em agosto de 2025, é que o atual diretor de futebol do São Paulo, portanto, não deve ser o escolhido pelo atual presidente para ter seu apoio em 2026. E que seus grupos podem seguir caminhos opostos na disputa presidencial.

Errou a janela

Em meio ao distanciamento político entre Casares e Belmonte, uma mensagem enviada por engano num grupo no WhatsApp se tornou capítulo importante nos bastidores do Tricolor.

Minutos depois do empate por 2 a 2 do São Paulo com o Sport, o diretor de comunicação do clube, José Eduardo Martins, escreveu, num espaço reservado para comunicados oficiais com a presença de jornalistas, a seguinte mensagem:

“Vou vazar que o Boca queria emprestar de graça o Henrique e o presidente segurou.”

Martins, em segundos, apagou a mensagem, mas ela já havia sido printada e ganhou as redes sociais nos últimos dias. Não só isso: virou, também, mais um tempero na relação entre departamento de futebol, que fica no CT da Barra Funda, e Morumbis.

O Boca, citado na mensagem, é Carlos Belmonte. O apelido é um jeito pejorativo de se referir ao diretor de futebol. O restante do texto se referia à possibilidade de o atacante Henrique Carmo, destaque pouco antes no empate com o Sport, ser emprestado para o PSV, da Holanda, e indica que Casares teria sido o responsável pelo fim do negócio.

José Eduardo Martins alega que a mensagem não passou de uma brincadeira, da qual se arrepende, enviada por engano. Internamente e entre grupos que formam a coalizão, porém, o episódio não caiu bem. Pessoas do CT da Barra Funda diretamente ligadas ao futebol do São Paulo não aceitam essa versão.

Nos últimos dias, a mensagem polêmica ganhou as rodas de discussões entre conselheiros e foi pauta de conversas entre Belmonte e Casares, principalmente pela proximidade do diretor com o presidente.

Diante do mal estar com pessoas do futebol, a tendência é que Martins tenha menos trânsito no departamento, com menos presença no CT da Barra Funda e menos contato com os profissionais do dia a dia do principal setor do clube. Não houve uma punição pelo episódio, o que também desagradou aliados de Belmonte no dia a dia e no Conselho.

A pouco mais de um ano para a eleição de 2026, os bastidores do Morumbis estão quentes à espera de um candidato, ou, quem sabe, dois, para o último triênio antes do centenário do São Paulo.

Fonte: Globo Esporte

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