Acabou a era Luis Zubeldía no São Paulo. Após cerca de 14 meses de trabalho, o argentino deixa o comando técnico do Tricolor sem deixar saudades na maior parte da torcida.
Não sou favorável a trocas de comandos, mas a situação atual não permitia mais defendê-lo. Se com três derrotas seguidas no Brasileirão, das quais duas em casa para times que deveriam estar na situação que o São Paulo está na tabela, a um ponto da zona de rebaixamento, e sem apresentar qualquer resquício de bom futebol ou deixar esperança em melhorar, eu viesse aqui defender o trabalho, seria considerado louco.
Não dá. Poderia pedir mais tempo, porque pessoalmente não faria esta troca, embora eu compreenda e considere justificável o movimento. Acredito que com o retorno dos jogadores lesionados ele teria, enfim, material humano para fazer um trabalho melhor, mas diante da situação atual – três derrotas seguidas, flerte com a zona de rebaixamento e a pausa para a Copa do Mundo de Clubes, que dará a seu sucessor tempo para treinar – é o momento para isto.
O fato é que Zubeldía é página virada e a especulação é que seu compatriota Hernán Crespo esteja retornando ao Morumbis. Não seria a minha escolha, mas novamente as circunstâncias levam a isto: não há tempo a perder em buscas por treinadores, ele conhece o clube e a situação financeira não nos deixa sonhar com um Jorge Jesus, por exemplo.
Crespo pode fazer um bom trabalho e até beliscar algum título de Copa, mas o foco será permanecer na Série A do Brasileirão. Não vejo o São Paulo em condições de sonhar com algo maior, a não ser que uma virada espetacular aconteça com o argentino no comando técnico – e o futebol adora nos desmentir.
O que a torcida não pode esquecer é que Zubeldía não é o único, e nem o maior culpado. Quem levou a pré-temporada para os Estados Unidos? Quem levou jogos para Brasília durante o campeonato paulista? Quem deixou a dívida crescer?
Crespo é só o próximo escudo.
André Barros é jornalista e são-paulino, não necessariamente nesta ordem.